sexta-feira, 1 de março de 2013

Os caboclos na Umbanda





Todos os Caboclos são regidos por um Mistério Maior que pertence ao Trono do Conhecimento (Regência do Orixá Oxóssi). 

Mas cada Caboclo (ou Cabocla) vem na Irradiação de um ou mais Orixás, pois eles próprios são “filhos”de determinado Orixá e perante outros Orixás foram iniciados para trabalharem em Seus Mistérios (exemplos: Caboclo Pena Branca: de Óxóssi e Oxalá; Caboclo Pena Dourada: de Oxóssi e Oxum; Cabocla do Mar: de Yemanjá; Caboclo Sete Montanhas: de Oxalá e Xangô).

Os Caboclos são espíritos muito esclarecidos e caridosos, assim como os Pretos-Velhos. Tiveram encarnações como cientistas, sábios, magos, professores etc. Alguns, em determinada encarnação, foram mesmo nativos (chamados de indígenas, aqui no Brasil). Enfim, no decorrer de encarnações, elevaram-se e vêm na Umbanda para auxiliar aos irmãos enfermos da alma e do corpo. Muitos são escolhidos pela Espiritualidade para serem os Guias-Chefes dos Terreiros ou então de seus médiuns.



Na linguagem comum, a palavra “caboclo” designa o homem nativo, às vezes mestiço de branco com indígena. Mas na Umbanda o significado é outro.



Os espíritos que se apresentam na Umbanda como Caboclos assumem a forma plasmada de "índios" em homenagem aos povos nativos do Brasil e de outras regiões do globo, que nutriam uma forte relação de amor e de respeito à Natureza e muito contribuíram com seus conhecimentos e valores morais e culturais para a formação da nossa Pátria. (V. “Arquétipos da Umbanda”, Rubens Saraceni, Madras Editora, 2007, páginas 89/94.) 



Nem todo Caboclo foi, necessariamente, um indígena.

RUBENS SARACENI explica que, há séculos, houve um momento em que os Regentes Planetários idealizaram uma estrutura de Trabalho Espiritual que reuniria espíritos desencarnados originários das mais diferentes religiões e culturas do planeta, arregimentados a partir de determinado grau espiritual, ético, moral e de conhecimentos.

Formaram-se grupos por afinidades (de valores culturais e morais, de especialidades etc.), porém todos voltados a um único propósito: ajudarem-se mutuamente na tarefa de auxílio à evolução de encarnados e desencarnados em geral. Com isto, também aceleravam as próprias evoluções, pois estavam realizando algo inédito: até então, os desencarnados se agrupavam no Astral conforme suas origens aqui na Terra, e ajudavam apenas aos “da sua gente”. Agora, a Espiritualidade punha em prática um verdadeiro Universalismo, reunindo num trabalho comum representantes de todas as religiões e crenças antigas, muitas já desaparecidas da face do planeta. Com o tempo, levas e levas de espíritos que desencarnavam puderam filiar-se àqueles grupos.

Então, os Regentes Planetários idealizaram uma religião que atuasse no plano Terra, por meio desses espíritos de índole universalista. O local escolhido foi o Brasil, país que estava destinado a receber povos de todas as origens e crenças (V. O livro “Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”, psicografia de Chico Xavier). A religião idealizada foi a Umbanda, que mais tarde o Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas trouxe ao plano material, manifestado no médium Zélio Fernandino de Moraes. Criaram-se as Linhas de Trabalho por especialidades de atuação; sendo que as primeiras homenageavam os povos formadores da nossa cultura: nativos (Caboclos) e africanos (Pretos-Velhos).


Os Caboclos incorporados também costumam estalar os dedos, bater no peito e estender o braço na direção do Altar. Tudo isto tem um significado magístico-religioso:

●Estalar dos dedos- Nossas mãos têm vários terminais nervosos que se comunicam com os sete chakras principais e com os chakras menores do nosso corpo. O estalar dos dedos se dá sobre o Monte de Vênus (a parte gordinha da palma da mão) e reequilibra a rotação e a frequência de todos os chakras, que voltam a funcionar plenamente. O equilíbrio vibracional gera a consequente descarga de energias desequilibradas (“negativas”). Ao estalar os dedos, o Caboclo provoca essas reações no campo magnético do médium ou, conforme o caso, descarrega o campo do consulente. Ao estalar os dedos da mão esquerda, ele absorve negatividades e faz uma limpeza energética; e quando estala os da mão direita, ele irradia cargas altamente positivas e reenergiza, acalma, cura etc.

●Bater no peito- Com isso, o Caboclo ativa o chakra Cardíaco do médium e equilibra suas emoções, possibilitando uma sintonia mais apurada com o medianeiro e a efetivação de um bom trabalho espiritual.

●Estender os braços (ou um braço) para o Altar- Com esse gesto, o Caboclo lança uma “flecha energética” que ativa os Poderes e Forças assentados e firmados no Terreiro, conforme a necessidade do trabalho espiritual a realizar.

Esses procedimentos criam um grande centro de Forças que facilita o amparo aos consulentes, ao próprio Terreiro e a toda a corrente mediúnica.

Alguns Caboclos, quando se despedem do Terreiro, dizem que vão “para Aruanda”, ou “para a cidade da Jurema”. Outros falam que vão “subir para o Humaitá”, e assim por diante. São referências às colônias astrais que existem ligadas ao planeta Terra, onde eles habitam, conforme o respectivo grau de evolução. E muitas vezes os Caboclos responsáveis por Terreiros levam para essas colônias os dirigentes e demais integrantes da corrente mediúnica (durante o desdobramento normal dos seus espíritos que acontece durante o sono físico), a fim de participarem de trabalhos de auxílio a encarnados e desencarnados, para estudarem e ou receberem. Um trabalho espiritual de Umbanda não termina no Terreiro, ele prossegue no Astral. Por isso, é importante que os médiuns sigam as orientações dos Guias Espirituais sobre os preceitos para antes e depois das Giras (manter pensamentos e sentimentos elevados e uma vida diária equilibrada, inclusive no campo sexual; abster-se, ao menos por 24 horas antes e depois do trabalho espiritual, do uso de bebida alcoólica, fumo e de qualquer substância nociva, mantendo uma alimentação isenta de alimentos de origem animal, porque são de difícil digestão; etc.).

Algumas pessoas perguntam o porquê de uma Linha de Trabalho Espiritual “homenagear” os povos nativos, supondo que eles seriam ignorantes e primitivos.

Para desfazer essa dúvida, vamos aqui reproduzir trechos do livro “MUITO ANTES DE 1500”, de DOMINGOS MAGARINOS (EPIÁGRA R.+.), que trata sobre as crenças e cultos religiosos dos povos nativos do Brasil e da América, com base em pesquisas realizadas por vários especialistas de renome. 



O Autor aponta que os povos nativos (“indígenas”) da América, na época do descobrimento, mantinham cultos muito parecidos com os das culturas indiana, egípcia e grega. Eles já cultuavam a Cruz, o Sol e O Menino Louro ou Menino Deus (seria o Menino Jesus dos cristãos). Isso indicaria uma origem comum entre essas culturas e a dos povos americanos.



Diz ele: Paulo Schliemen é de opinião que as culturas grega, egípcia, indiana e americana tiveram origem comum. Apolo, Osíris, Ormuzd, Indra, Tomatiuh e o próprio Amon-Rá, o Deus-Sol, tão venerado no velho Egito, derivam (...) de Rá-Ná, o Deus-Sol dos maias, porque a América foi o berço da helionose (culto ao sol), conforme atestam as ruínas de Tiahuanaco. Cieza de Leon, Garcilasso de La Vega e o próprio Clemente Rice argumentam que os símbolos solares, insculpidos nos milenares monumentos monolíticos encontrados nessa região, objetivam, plenamente, que toda a remotíssima civilização pré-incaica girou em torno do Sol, fato que autoriza e justifica a versão quíchua da antiguidade e da origem americana do culto solar.



Le Plongeon demonstrou que Osíris, Ísis e Seth são vocábulos derivados do idioma falado no México há mais de 11.500 anos antes da era Cristã.



Scott-Elliot, depois de estudar a Atlântida e os atlantes, sob vários pontos de vista, fala-nos da inédita cultura americana, dizendo: “Nada parece ter surpreendido mais os aventureiros espanhóis, no México e no Peru, do que a semelhança extraordinária das crenças religiosas, dos ritos, dos emblemas do velho mundo com os que encontraram no novo. Os padres espanhóis viram nessa semelhança a intervenção maléfica do diabo. O culto da Cruz entre os nativos e a presença desse símbolo nos edifícios e solenidades religiosas foram para eles motivo de assombro. De fato, em parte alguma do mundo, na Índia ou no Egito, a Cruz era tida em maior veneração do que entre os povos primitivos do continente americano. E o que é mais extraordinário é a semelhança das palavras que significam DEUS nas principais línguas antigas do Ocidente e do Oriente.”



Com efeito, DYAUS ou DYAUS-PIETER- DEUS, em sânscrito; THEUS ou ZEUS, em grego; DEUS PATER ou JÚPITER, em latim; DIÁ ou TÁ, em celta; YAH ou THIÁ, em hebraico; ZÉO, TÉO ou TÁO, no idioma dos atlantes e dos aborígenes da América pré-colombiana, confirmam plenamente a afirmativa do notável autor da History of Atlantis.

O mesmo quanto às divindades solares, como RÁ-ANGA, entre os brasis pré-históricos; GUARACY, entre os tupi-guaranis; UARASSÚ ou YARASSÚ (vocábulo tupi) entre os babilônios; RÁ-MANÚ, entre os assírios; RÁ-NÁ, entre os maias; INDI RÁ, RÁ-MÁ, RÁMA-TCHANDRA, RÁ-VI, entre os indianos; e ainda RÁ-MA, que originou o termo Roma, entre os romanos (cognominados ramnes).



Mas não é tudo: YUPITAN, que lembra Júpiter, é um vocábulo abanheenga, a fala do homem primitivo, a língua que precedeu o nheengatú, a língua boa, a língua sagrada dos tupis-guaranis. Esse vocábulo é composto por YÚ- que significa louro- e PITAN, que significa infante ou criança e, portanto, mancebo ou menino louro, designando o filho do Sol, como foi perpetuado em vários cultos aborígenes do Brasil.



O Menino Louro ou Deus Menino- Horus dos egípcios; Harpocrates dos gregos; Dionysius dos romanos, Menino Jesus dos primitivos cristãos e, ainda hoje, dos católicos romanos- é uma reminiscência milenar do esquecido YUPITAN da arcaica teogonia amerígena.

Esse YUPITAN ou YUPITÃ aparece, às vezes, sob a forma de YUBÁPITANGA. Chamam-no também ARAPITÃ, isto é, filho de ARACY, a mãe da luz (de ara=luz e cy= mãe, raiz, origem ou princípio). 



Humboldt, Prescott, Brasseur de Bourbourg, Le Plogeon e todos, em suma, que pesquisaram realmente as ruínas arqueológicas do México, do Peru, da Bolívia, do Chile e outros países da América, inclusive o Brasil, encontraram provas positivas de que o batismo, a confissão, a quaresma e outras cerimônias consideradas católicas constavam dos seus misteriosos rituais. HÚ, no Yucatan; INTI, em Cuzco; como AUM, na Índia e no próprio Peru, simbolizavam o IMPRONUNCIADO, o INOMINÁVEL {=Deus}.



QUETZALCOATL foi a primeira manifestação cristônica para os povos da 5ª. Raça Raiz. A sua identidade com Krishna, Zoroastro, Thôt, Orfeu e Jesus é incontestável. Foi a primeira humanização do Cristo cósmico. O Kukul-Kan dos maias. O Yurupari dos tupis-guaranis. (Fonte: OBRA CITADA, páginas 53/54, MADRAS EDITORA, 2005.) — 

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