domingo, 8 de dezembro de 2013

A dança dos orixás

De vez em quando vejo vídeos de dança como estes... Um famoso filósofo, chamado Nietzsche, falou que não acreditaria em um deus que não dançasse. Acho que sou da mesma opnião... A dança é uma forma deles transmitirem seu axé, mexendo com as energias que eles manipulam e que também contam um pouco de sua história. Ex: Vejam Iansã, percebam como ela é rápida, agitada, elétrica, vai pra lá e pra cá, sempre muito precisa nos movimentos e neste vídeo, a moça que dança como Iansã escolheu dançar com um iruquerê, que é um artefato feito com pelo de búfalo que serve para comandar os eguns com que trabalha. Então, percebemos realmente uma rainha dos raios, dos ventos e que comanda eguns. Outra coisa legal e imperdível é a dança dela com Xangô, que foi seu segundo esposo. Legal, né?





Obs: Aqui ninguém dança incorporado. É uma apresentação coreografada de dançarinos que escolheram a dança dos orixás em um show que mostrou a nossa brasilidade. De toda a forma, vale a pena conferir.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Maria e Iemanjá







Sendo o orixá Iemanjá considerado arquétipo na etnia iorubá, tendo em sua origem a função de Mãe das águas doces, dado o seu povo viver às margens do rio Obá, com o transporte dos negros para o Brasil, em maior número para a Bahia, passaram a viver na orla marítima, tornando-se, mais tarde, pescadores. O mar passou a ser para eles a grande Mãe e a figura de Iemanjá, e, em homenagem a esta, o bonito ritual marítimo das procissões com embarcações ornamentadas, as flores lançadas ao mar, a entrada nas águas, os votos etc. Ao mesmo tempo, presidindo a frota engalanada, o barco-chefe, enfeitadíssimo, conduzindo o andor com a imagem de Nossa Senhora da Conceição, aclamada com cânticos da Igreja, aplausos e fogos. Esse comportamento popularmente espontâneo é o que leva muitos antropólogos e estudiosos a tecerem infinitas explicações, os escritores a exporem seus conceitos e a imaginação popular a criar lendárias fantasias e saborosas interpretações.

Elias Leite

[Leite, Elias. Maria e Iemanjá no sincretismo afro-brasiuleiro (simbiose e arquétipo). São Paulo: Editora Ave-Maria, 2003, p. 33.]

O conhecido imbricamento entre a religião católica e as tradições religiosas trazidas para o Brasil pelos escravos africanos tem sido motivo para alentados estudos acadêmicos ao longo de décadas. O assunto tem se revelado um campo fértil para antropólogos, sociólogos, psicólogos e outros profissionais da área das ciências humanas. Dentre os muitos aspectos evidenciados, um dos que mais desperta a atenção dos estudiosos diz respeito a duas das figuras mais reverenciadas pelo católicos e pelos praticantes dos cultos afro-brasileiros: Nossa Senhora e Iemanjá. É deste tema que trata o livro Maria e Iemanjá no sincretismo afro-brasileiro, escrito por Elias Leite.

Tendo como referência a religião Católica, a Umbanda e o Candomblé, o autor aborda as interrelações entre Nossa Senhora e Iemanjá.




Iemanjá

Ao estabelecer as diferenças entre uma e outra, afirma o autor a propósito de Iemanjá: Iemanjá lembra a figura de Ninfa, mostra-se como ser que vive no fundo dos mares, e, para comunicar-se com os seres humanos, aparece como desaparece em figura de mulher e é tida como Sereia do Mar, Mãe-Sereia, (a Uyara, brasílica), mora nas águas e na terra, e como Mãe das águas é conhecida e invocada (p. 81).




Nossa Senhora da Conceição

Quanto a Nossa Senhora, escreve: Já a figura de Maria, por todos os aspectos, é terrestre, humana e mística, com a missão definida de Mãe, por ação divina, segundo a fé teológica, e cooperante no mistério salvífico de Cristo, o Filho de Deus (p. 81).
]



Prosseguindo, estabelece algumas diferenças entre uma e outra: A diferença é fundamentalmente doutrinal e efetiva. Uma atua com seres humanos configurados com a Natureza – Água – Terra. A outra (Maria) se relaciona com seres humanos na Terra, em direção escatológica no processo salvífico, rumo ao céu. Daí a habitual exclamação popular: “Nossa Mãe do Céu!”ou “Mãe do Céu!” (p. 81).


Nossa Senhora das Graças



Algumas similaridades, porém, podem ser facilmente identificadas entre as duas divindades: A conhecida imagem de Iemanjá cultuada nos Terreiros e encontrada nas lojas de objetos de culto do Candomblé e Umbanda, parece inspirada nas imagens católicas de Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora das Graças. O aspecto tem algumas afinidades. As cores branca-azul, cabelos longos caídos sobre os ombros, rosto de mulher branca, veste estilo ocidental. A estampa oficial, pela pintura, os mesmos traços que a imagem, porém mais perfeitos, com o detalhe da fusão da orla da veste com as águas do mar. Bem simbólico. A imagem, como a estampa, traz na fronte um diadema de rainha, encimado por uma estrela. Faz lembrar, no conjunto, a invocação mariana a que já nos referimos – a Stella Maris. Rainha e Estrela do Mar. Representação sincrética (p. 88).


Uma das conclusões de Elias Leite, para mim em nada surpreendente ou estranha, pode, no entanto, desagradar alguns católicos mais puristas ou ortodoxos, que não se convenceram ainda de que a peculiaridade de nossa religiosidade exige que se admita como lícito a qualquer brasileiro cultuar simultaneamente Maria e Iemanjá sem que veja nisso qualquer contradição ou experimente qualquer sensação de estranheza:

Entre católicos desavisados encontram-se muitos ligados por certa empatia à figura de Iemanjá, não tanto pelo magnetismo da magia feminina (mãe) e seus poderes, mas, propriamente, pela configuração com Maria Mãe de Jesus, em toda a sua fascinante atração espiritual (p. 77).



Texto: http://blog.opovo.com.br/sincronicidade/maria-e-iemanja/



Vale também lembrar de Nossa Senhora dos Navegantes, que não fala neste texto. Arrumei outro texto que explica quem é Nossa Senhora dos Navegantes. Confiram:

Quem é Nossa Senhora dos Navegantes (Candeias*)?



Comemoração: 2 de fevereiro

A designação Nossa Senhora dos Navegantes, originou-se no século XV, com a navegação dos europeus, especialmente dos portugueses. Aqueles que viajavam, pediam proteção a Nossa Senhora, para retornarem salvos à pátria.O simbolismo da mulher corajosa e orientadora dos viajantes, fez com que Maria fosse vista como uma eterna vencedora dos inimigos das tempestades. Costuma-se festejar o dia que lhe é dedicado com uma grande procissão fluvial no Brasil.

A festa de Nossa Senhora das Candeias é comemorada desde o século IV, substituindo os ritos pré-cristãos da fertilidade.

Fonte: Orixás - um estudo sobre os deuses do candomblé e Virgem Maria, a Rainha dos Anjos, de Monica Buonfiglio



OBS: Só lembrando, não existem diversas Nossas Senhoras, pois Nossa Senhora é só uma, a Mãe de Jesus. O que existem são localidades aonde Ela apareceu para seus fiéis ou qualidades Dela que se transformam em uma crença e depois viraram mais um jeito de cultuá-la. Então, Nossa Senhora da Conceição é a mesma Nossa Senhora da Aparecida. Sabem porque? O nome desta santa completo é Nossa Senhora da Conceição Aparecida e existe uma bela história a cerca dela que foi uma imagem de Nossa Senhora da Conceição que foi achada em Aparecida, cidade de São Paulo, há muito tempo atrás... Então, Oxum pega uma qualidade e uma fé de Maria e Iemanjá pega uma outra qualidade e fé.