Dentre os espíritos degredados na Terra, os que constituíram a civilização
egípcia foram os que mais se destacavam na prática do Bem e no culto da
Verdade.
Aliás, importa considerar que eram eles os que menos débitos possuíam
perante o tribunal da Justiça Divina. Em razão dos seus elevados patrimônios
morais, guardaram no íntimo uma lembrança mais viva das experiências de sua
pátria distante. Um único desejo os animava, que era trabalhar devotadamente
para regressar, um dia, aos seus penates resplandecentes. Uma saudade
torturante do céu foi a base de todas as suas organizações religiosas. Em
nenhuma civilização da Terra o culto da morte foi tão altamente
desenvolvido. Em todos os corações morava a ansiedade de voltar ao orbe
distante, ao qual se sentiam presos pelos mais santos afetos. Foi por esse
motivo que, representando uma das mais belas e adiantadas civilizações de
todos os tempos, as expressões do antigo Egito desapareceram para sempre do
plano tangível do planeta. Depois de perpetuarem nas Pirâmides os seus
avançados conhecimentos, todos os Espíritos daquela região africana
regressaram à pátria sideral.
*A CIÊNCIA SECRETA*
Em virtude das circunstâncias mencionadas, os egípcios traziam consigo uma
ciência que a evolução da época não comportava.
Aqueles grandes mestres da antiguidade foram então, compelidos a recolher o
acervo de suas tradições e de suas lembranças no ambiente reservado dos
templos, mediante os mais terríveis compromissos dos iniciados nos seus
mistérios. Os conhecimentos profundos ficaram circunscritos ao círculo dos
mais graduados sacerdotes da época, observando-se o máximo cuidado no
problema da iniciação.
A própria Grécia, que aí buscou a alma de suas concepções cheias de poesia e
de beleza, através da iniciativa dos seus filhos mais eminentes, no passado
longínquo, não recebeu toda a verdade das ciências misteriosas. Tanto é
assim, que as iniciações no Egito se revestiam de experiências terríveis
para o candidato à ciência da vida e da
Os sábios egípcios conheciam perfeitamente a inoportunidade das grandes
revelações espirituais naquela fase do progresso terrestre; chegando de um
mundo de cujas lutas, na oficina do aperfeiçoamento, haviam guardado as mais
vivas recordações, os sacerdotes mais eminentes conheciam o roteiro que a
Humanidade terrestre teria de realizar. Aí residem os mistérios iniciáticos
e a essencial importância que lhes era atibuída no ambiente dos sábios
daquele tempo.
*O POLITEÍSMO SIMBÓLICO*
Nos círculos esotéricos, onde pontificava a palavra esclarecida dos grandes
mestres de então, sabia-se da existência do Deus Único e Absoluto, Pai de
todas as criaturas e Providência de todos os seres, mas os sacerdotes
conheciam, igualmente, a função dos Espíritos prepostos de Jesus, na
execução de todas as leis físicas e sociais da existência planetária, em
virtude das suas experiências pregressas.
Desse ambiente reservado de ensinamentos ocultos, partiu, então, a idéia
politeísta dos numerosos deuses, que seriam os senhores da Terra e do Céu,
do Homem e da Natureza.
As massas requeriam esse politeísmo simbólico, nas grandes festividades
exteriores da religião.
Já os sacerdotes da época conheciam essa fraqueza das almas jovens, de todos
os tempos, satisfazendo-as com as expressões exotéricas de suas lições
sublimadas.
Dessa idéia de homenagear as forças invisíveis que controlam os fenômenos
naturais, classificando-as para o espírito das massas, na categoria dos
deuses, é que nasceu a mitologia da Grécia, ao perfume das árvores e ao som
das flautas dos pastores, em contacto permanente com a Natureza.
*O CULTO DA MORTE E A METEMPSICOSE*
Um dos traços essenciais desse grande povo foi a preocupação insistente e
constante da Morte. A sua vida era apenas um esforço para bem morrer. Seus
papiros e frescos estão cheios dos consoladores mistérios do além-túmulo.
Era natural. O grande povo dos faraós guardava a reminiscência do seu
doloroso degredo na face obscura do mundo terreno. E tanto lhe doía
semelhante humilhação, que, na lembrança do pretérito, criou a teoria da
metempsicose, acreditando que a alma de um homem podia regressar ao corpo de
um irracional, por determinação punitiva dos deuses. A metempsicose era o
fruto da sua amarga impressão, a respeito do exílio penoso que lhe fora
infligido no ambiente terrestre.
Inventou-se, desse modo, uma série de rituais e cerimônias para solenizar o
regresso dos seus irmãos à pátria espiritual.
Os mistérios de Ísis e Osíris mais não eram que símbolos das forças
espirituais que presidem aos fenômenos da morte.
*OS EGÍPCIOS E AS CIÊNCIAS PISÍQUICAS*
As ciências psíquicas da atualidade eram familiares aos magnos sacerdotes
dos templos.
O destino e a comunicação dos mortos e a pluralidade das existências e dos
mundos eram, para eles, problemas solucionados e conhecidos. O estudo de
suas artes pictóricas positivam a veracidade destas nossas afirmações. Num
grande número de frescos, apresenta-se o homem terrestre acompanhado do seu
duplo espiritual. Os papiros nos falam de suas avançadas ciências nesse
sentido, e, através deles, podem os egiptólogos modernos reconhecer que os
iniciados sabiam da existência do corpo espiritual preexistente, que
organiza o mundo das coisas e das formas. Seus conhecimentos, a respeito das
energias solares com relação ao magnetismo humano, eram muito superiores aos
da atualidade. Desses conhecimentos nasceram os processos de mumificação dos
corpos, cujas fórmulas se perderam na indiferença e na inquietação dos
outros povos.
Seus reis estavam tocados do mais alto grau de iniciação, enfeixando nas
mãos todos os poderes espirituais e todos os conhecimentos sagrados. É por
isso que a sua desencarnação provocava a concentração mágica de todas as
vontades, no sentido de cercar-lhes o túmulo de veneração e de supremo
respeito. Esse amor não se traduzia, apenas, nos atos solenes da
mumificação. Também o ambiente dos túmulos era santificado por um estranho
magnetismo. Os grandes diretores da raça, eram considerados dignos de toda a
paz no silêncio da morte.
Nessas saturações magnéticas, que ainda aí estão a desafiar milênios,
residem as razões da tragédia amarga de Lord Carnarvon e de alguns de seus
companheiros que penetraram em primeiro lugar na câmara mortuária de Tut
Ankh Amon, e ainda por isso é que, muitas vezes, nos tempos que correm, os
aviadores ingleses observam o não funcionamento dos aparelhos radiofônicos,
quando as suas máquinas de vôo atravessam a limitada atmosfera do vale
sagrado.
*AS PIRÂMIDES*
A assistência carinhosa do Cristo não desamparou a marcha desse povo cheio
de nobreza moral. Enviou-lhe auxiliares e mensageiros, inspirando-o nas suas
realizações, que atravessaram todos os tempos provocando a admiração e o
respeito da posteridade de todos os séculos.
Aquelas almas exiladas, que as mais interessantes características
espirituais singularizam, conheceram, em tempo, que o seu degredo na Terra
atingia o fim. Impulsionados pelas forças do Alto, os círculos iniciáticos
sugerem a construção das grandes pirâmides, que ficariam como a sua mensagem
eterna para as futuras civilizações do orbe. Esses grandiosos monumentos
teriam duas finalidades simultâneas: representariam os mais sagrados templos
de estudo e iniciação, ao mesmo tempo que constituiriam, para os pósteros,
um livro do passado, com as mais singulares profecias em face das
obscuridades do porvir.
Levantaram-se, dessarte, as grandes construções que assombram a engenharia
de todos os tempos. Todavia, não é o colosso de seus milhões de toneladas de
pedra nem o esforço hercúleo do trabalho de sua justaposição o que mais
empolga e impressiona a quantos contemplam esses monumentos. As pirâmides
revelam os mais extraordinários conhecimentos daquele conjunto de Espíritos
estudiosos das verdades da vida. A par desses conhecimentos, encontram-se
ali os roteiros futuros da humanidade terrestre. Cada medida tem a sua
expressão simbólica, relativamente ao sistema cosmogônico do planeta e à sua
posição no sistema solar. Ali está o meridiano ideal, que atravessa mais
continentes e menos oceanos, e através do qual se pode calcular a extensão
das terras habitáveis pelo homem, a distância aproximada entre o Sol e a
Terra, a longitude percorrida pelo globo terrestre sobre a sua órbita no
espaço de um dia, a precessão dos equinócios, bem como muitas outras
conquistas científicas que somente agora vêm sendo consolidadas pela moderna
astronomia.
*REDENÇÃO*
Depois dessa edificação extraordinária, os grandes iniciados do Egito voltam
ao plano espiritual, no curso incessante dos séculos.
Com o seu regresso aos mundos ditosos da Capela, vão desaparecendo os
conhecimentos sagrados dos templos tebanos, que, por sua vez, os receberam
dos grandes sacerdotes de Mênfis.
Aos mistérios de Ísis e de Osíris, sucedem-se os de Elêusis, naturalmente
transformados nas iniciações da Grécia antiga.
Em algumas centenas de anos, reuniram-se de novo, nos planos espirituais, os
antigos degredados, com a sagrada bênção do Cristo, seu patrono e salvador.
A maioria regressa, então, ao sistema de Capela, onde os corações se
reconfortam nos sagrados reencontros das suas afeições mais santas e mais
puras, mas grande número desses Espíritos, estudiosos e abnegados,
conservaram-se nas hostes de Jesus, obedecendo aos sagrados imperativos do
sentimento e, ao seu influxo divino, muitas vezes têm reencarnado na Terra,
para desempenho de generosas e abençoadas missões.
*Livro: A Caminho da Luz Médium: Francisco Cândido Xavier Espírito: Emmanuel
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